Tesouro Nacional continua emitindo títulos acima da média
O Tesouro Nacional deu continuidade à sua investida de promover uma forte emissão de títulos públicos nesta semana, que já contemplou o novo PAF – Plano Anual de Financiamento.
Entretanto, o que mais vem chamando a atenção de analistas é que, mesmo com um colchão de liquidez robusto, o Tesouro tem feito emissões semanais grandes.
O destaque vai para os papéis que estão indexados à inflação e para as LTNs de mais longo prazo.
Se considerarmos os leilões que aconteceram na semana passada, o Tesouro fez uma emissão de R$ 46,6 bilhões, algo bem elevado.
Tesouro Nacional está emitindo títulos acima da média
O valor médio que o Tesouro tem que captar por semana está em torno de R$ 28 bilhões, para que não aconteça nenhum tipo de problema para a gestão da dívida.
Entretanto, as condições de mercado nesse ano são um dos fatores que podem explicar a situação mais favorável.
Não podemos esquecer que o Tesouro relevou ter R$ 969 bilhões em seu colchão.
Esse é um nível de dinheiro suficiente para mais de nove meses de pagamentos.
Os vencimentos de 2022 somam mais de R$ 900 bilhões e, com as incertezas elevadas em uma no eleitoral, o Tesouro acaba se aproveitando para manter as emissões maiores.
Prefixados caíram e indexados à inflação crescem
No PAF, a participação dos prefixados na dívida públicas caiu de maneira significativa, ao mesmo tempo em que as fatias de títulos indexadas à inflação e papéis atrelados à Selic aumentaram em relação ao plano divulgado em janeiro.
Com a perspectiva de que as emissões de LFTs e de NTN-Bs devem acabar ganhando espaço, o prazo médio previsto pelo Tesouro também acabou aumentando.
A partir disso, existe até um certo alívio ao perfil da dívida.
Essa situação deixa o Tesouro menos pressionado e, talvez com isso, consiga melhorar o perfil de emissões.
Preferência na renda fica é por crédito
Os fundos de crédito voltaram a atrair a atenção dos investidores, tanto nas plataformas quanto nos bancos de varejo.
A compra de maneira direta de dívida corporativa e de títulos bancários também passou a ganhar novos adeptos.
Isso acontece à medida que emissões oferecem bons prêmios para cativar o aplicador que quer dar um pé atrás no risco de bolsa.
Segundo analistas, o comportamento dá a sensação de que o brasileiro tem memória curta.
Em meio ao estresse da pandemia do ano passado, por exemplo, muitos investidores sacaram os seus recursos dessas carteiras porque não aguentaram as cotas negativas.
Além disso, a captação em fundos de crédito reflete a preocupação do investidor de buscar um retorno extra, sem ficar muito exposto a alternativas que sejam arriscadas.
Assim, o portfólio de crédito privado acabou atraindo neste ano cerca de R$ 4,57 bilhões até o dia 21 de maio.
Já as carteiras com debêntures incentivadas tiveram ingressos de outros R$ 863 milhões.
Entretanto, as estratégias ligadas a juro real, por sua vez, receberam R$ 2,7 bilhões no ano.
Em contramão a tudo isso, a categoria de renda fixa ativa perdeu R$ 16,6 bilhões.
Por essas carteiras ter muita exposição a títulos prefixados, com a queda de preços no secundário, no primeiro trimestre, muitos fundos ficaram no vermelho.
Assim, quando os cotistas passam a buscar explicação, acaba sendo oferecida a opção de sacar e investir em outro tipo de modalidade.