Mercosul – Redução da Tarifa Externa Comum esbarra na Argentina
A ideia de o Brasil conseguir a redução da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul e avançar com uma agenda de abertura comercial de Paulo Guedes, Ministro da Economia, vem esbarrando na resistência da Argentina.
Entretanto, o governo brasileiro ainda quer ir diante na proposta de reduzir a TEC em 10% agora e outros 10% no fim do ano.
Essa seria uma maneira de conseguir abrir o mercado brasileiro, prometida na campanha eleitoral de 2018.
Entretanto, Guedes vem encontrando muita dificuldade, principalmente, em razão das amarras do Mercosul.
Argentina cria suas condições para apoiar novo cenário no Mercosul
A Argentina, de maneira informal, acena com uma redução de 10% da TEC imediatamente por parte do Brasil, mas a partir daí, existe um desencontro de ideias.
O país também quer aplicar este corte para 75% das posições tarifárias argentinas, mas, somente em janeiro de 2022.
Já a segunda redução que o Brasil propôs, a Argentina só aceitaria falar sobre o assunto em 2023.
Reunião é cancelada por falta de consenso
Diante de tantas indecisões, houve o cancelamento de uma reunião de chanceleres e ministros de finanças do Mercosul.
Ela havia sido marcada para a amanhã, entretanto, diante da falta de consenso evidenciou o mal-estar.
Segundo interlocutores do ministro Guedes, a ordem é não ceder.
Por trás da insistência do Ministro do Brasil está a visão de é necessário abrir mais o mercado brasileiro à concorrência com importados para modernizar a economia.
A dificuldade de entendimento entre os países, vai além do viés ideológico, já que os momentos econômicos também são distintos.
A Argentina passa por uma crise mais longa, com inflação, renegociação de dívida externa e outras questões já vencidas pelos parceiros de bloco nos anos 1990.
Políticos se envolvem na articulação
O governo do argentino Alberto Fernández, recorreu as articulações políticas no Brasil para tentar deter o plano da gestão de Jair Bolsonaro.
Esse comportamento culminou com uma carta de apoio ao país vizinho dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo os ex-presidentes não é o melhor momento para redução de tarifas.
Entretanto, o Ministro Paulo Guedes não quer deixar a carta sem resposta e orientou os seus técnicos a prepararem uma resposta “tecnicamente robusta e politicamente contundente.
O ministério deve se pronunciar hoje.
Estaria o Mercosul vivendo a calmaria antes da tempestade?
O Mercosul pode estar passando por uma tensa calmaria que precede a tempestade. Se ela, de fato, vai acontecer, depende de uma decisão política.
O conflito sobre a reforma da Tarifa Externa Comum – TEC e a maneira que o bloco está negociando, só irá se resolver, de todas as partes, a decisão política de evitar a ruptura do bloco nascido em 1991.
Negociadores argentinos têm ouvido do ministro da Economia, Martin Guzmán, que aceitar parte ínfima da agenda de seu colega de pasta brasileira, é complicado.
Esse comportamento vai contramão do projeto econômico do governo chefiado por Alberto Fernández e, no qual, se sabe com cada dia mais certeza, só se faz o que conta com o aval, Cristina Kirchner.
A Argentina está em uma crise crônica, com empresas fechando todos os dias e a taxa da pobreza está rondando 50%.
Com uma TEC menor, as empresas argentinas se tornariam menos competitivas no Mercosul, frente a outros países e blocos.
Se, no passado, outros governos brasileiros tiveram a paciência estratégia com a Argentina, com Guedes, ela parece ter se esgotado.
O Mercosul é para o ministro um atraso, que freia o crescimento do Brasil.