Onde investir seu dinheiro em tempos de coronavírus?

A crise trazida pelo novo coronavírus pegou muitos investidores de surpresa, deixando a difícil questão: e agora, onde investir em tempos de pandemia?

O Brasil, ao longo dos últimos anos, viu a taxa de juros diminuir consideravelmente, chegando aos atuais 3,75%, o menor nível da história. Por outro lado, a Bolsa vinha quebrando recordes de valorização, o que fez com que muitas pessoas migrassem da renda fixa para a variável.

O problema, porém, é que esses novatos do mercado de ações nunca haviam experimentado uma crise como a trazida pela covid-19, que fez o índice Ibovespa despencar e o rendimento dos ativos ir por água abaixo.

Então, o que é recomendado fazer com os investimentos neste momento de pandemia? Continue lendo o artigo, pois vamos te ajudar a responder essa pergunta!

Covid-19 e a importância da reserva de emergência

Já falamos algumas vezes aqui no Dinheiro Bem Cuidado sobre a importância de se ter uma reserva de emergência. Aquele dinheiro que você deixa reservado em algum investimento com liquidez diária, ou seja, que você possa sacar quando quiser.

É comum que os investidores inexperientes, principalmente neste passado recente em que a Bolsa vinha performando muito bem, investirem todo o dinheiro que possuem para tentar maximizar os ganhos, mas esquecendo-se dos riscos.

O problema é que as ações fazem parte do mercado de renda variável e, como o próprio nome já diz, oscilações podem acontecer.

Com a gigantesca crise trazida pela pandemia, quem tinha uma reserva de emergência pôde ficar mais tranquilo e usar o dinheiro para se reorganizar financeiramente, esperando o problema passar. Quem não tinha, por outro lado, ficou desesperado, vendo todo o seu patrimônio desmoronar em poucos dias e sem dinheiro guardado para ajudar a se manter durante o período.

Por isso, se você quer saber como fazer a sua reserva de emergência da maneira correta, leia este outro artigo.

Qual é o seu perfil de investidor?

O mercado financeiro costuma dividir os investidores em três perfis, que se diferenciam pelo risco que aceitam correr para ter retornos no investimento.

Conservador

Não gosta de correr riscos. Dá preferência a investimentos de renda fixa, que normalmente rendem menos que os da renda variável, mas com possibilidade nula ou muito menor de acontecer a desvalorização do capital aplicado.

Moderado

Faz um balanço entre o risco e a possibilidade de ganhos. Além de aplicações em renda fixa, dedica uma pequena parte da carteira para investimentos em renda variável de risco moderado, como os fundos multimercados, fundos de ações e fundos imobiliários.

Arrojado

Foca no lucro das aplicações, mesmo que corra mais riscos. Por isso, deve estar preparado emocionalmente para crises que façam os investimentos terem rendimento negativo por algum tempo. Possui uma pequena parte da carteira em renda fixa e aplica a maioria do seu capital em investimentos de renda variável, principalmente ações.

Independente do seu perfil de investidor, é indispensável ter uma reserva de emergência.

E onde eu posso investir agora?

Agora que você já sabe o seu perfil de investidor, daremos um panorama sobre os principais investimentos de renda fixa e variável neste cenário de quarentena.

Renda Fixa

A taxa Selic neste momento está bem baixa (3,75%), o que faz com que as aplicações em renda fixa rendam pouco. Porém, em alguns casos elas ainda estão acima da atual inflação (3,30%), são aplicações de baixíssimo risco e melhores do que deixar o dinheiro parado em casa ou na conta-corrente.

1. Poupança

Mesmo sendo a queridinha de muitos brasileiros, a poupança continua sendo a aplicação de menor rendimento, inclusive rendendo abaixo da atual inflação. Como a taxa Selic está inferior a 8,5%, a poupança tem rendido por mês apenas 70% da taxa atual (3,75%) mais a taxa referencial (TR).

Para se ter uma idéia, no mês de março de 2020, a poupança rendeu apenas 0,24%.

2. CDB

O CDB (Crédito de Depósito Bancário) é uma opção mais rentável que a poupança e que também é segura. Isso porque é um investimento protegido pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Sendo assim, se você tiver até 250 mil reais investidos em um CDB e o banco quebrar, o FGC garante o seu dinheiro de volta.

Portanto, se você tem o perfil conservador, o CDB pode ser uma boa opção. O rendimento vai depender do tempo de resgate. Um CDB de liquidez diária (que pode ser resgatado a qualquer momento) renderá menos do que um CDB que vence em 3 anos, por exemplo.

Porém, é bom lembrar que há cobrança de Imposto de Renda. Por isso, opte por CDBs que rendam no mínimo 100% do CDI (Certificados de Depósito Interbancário). Hoje em dia, até mesmo a conta da Nubank e a do Picpay garantem esse rendimento, o que já as tornam mais rentáveis que a poupança.

3. LCI e LCA

A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) também são protegidas pelo FGC e são bons investimentos para conservadores, principalmente neste momento de instabilidade trazido pelo novo coronavírus.

Assim como o CDB, o rendimento dependerá do tempo de aplicação. A diferença é que não há LCI ou LCA com liquidez diária, ou seja, em regra, só será possível fazer o resgate do dinheiro quando a aplicação vencer. Além disso, uma vantagem deste tipo de investimento é que não há incidência de Imposto de Renda.

4. Tesouro Direto

O Tesouro Direto é conhecido por ser o investimento mais seguro que existe. Isso porque nesta modalidade você está “emprestando” dinheiro para o governo e a probabilidade de ele quebrar é menor que a de um banco, por exemplo.

Neste momento de crise, pode ser uma boa ideia comprar títulos de longo prazo. O motivo é que com a queda da Bolsa e instabilidade do mercado, os preços dos títulos ficaram mais baratos e a rentabilidade aumentou, para continuar atraindo compradores, já que o cenário é incerto e o governo está precisando de dinheiro.

Portanto, para quem já possui títulos do Tesouro Direto na carteira, é melhor não vender agora para não perder dinheiro. Porém, quem está pensando em comprar para resgatar em 2035, por exemplo, pode ser uma boa oportunidade.

5. Fundos de Investimento em Renda Fixa

Neste tipo de investimento, há basicamente um grupo de investidores que investem em conjunto e repartem os lucros. Tudo isso é gerenciado por um gestor profissional, o que pode ser bom para pessoas inexperientes.

Porém, normalmente os cotistas dos fundos pagam uma taxa de administração por essa comodidade e, em alguns casos, uma taxa de performance.

Além disso, os fundos não são protegidos pelo FGC, ou seja, caso a instituição que administra o fundo quebre, não há reembolso.

No caso dos Fundos de Investimentos em Renda Fixa, a carteira é constituída majoritariamente por um conjunto de investimentos de renda fixa (CDBs pré-fixados, títulos do Tesouro, etc.).

Isso faz com que os riscos sejam mais baixos do que os encontrados em fundos multimercados ou fundos de ações. Porém, a rentabilidade costuma ser menor.

As vantagens deste tipo de aplicação com relação a outros investimentos de renda fixa é que, quando bem administrados, os lucros costumam ser um pouco maiores e podem ter liquidez diária, ou, normalmente, até 30 dias para resgate.

As desvantagens são as taxas e o fato de o risco ser um pouco maior.

Renda Variável

Como dissemos anteriormente, a euforia dos tempos de bonança da Bolsa levou muitas pessoas com o perfil conservador a se arriscarem no mercado de ações, sem a experiência necessária e a noção sobre os riscos.

Agora com a pandemia e com o preço das ações despencando, muitos estão falando que é a hora de aproveitar a liquidação para comprar mais e recuperar as perdas. Mas será que é mesmo? Vamos analisar:

1. Ações

Se você tem o perfil conservador ou até mesmo moderado, não cometa o mesmo erro das pessoas citadas acima.

Em primeiro lugar, se você não tem a experiência suficiente no mercado de ações, o melhor é ser cauteloso. Nada de usar a sua reserva de emergência para comprar ações só porque elas caíram e está todo mundo falando que é a hora de comprar.

Ninguém sabe ao certo, ainda, quanto tempo irá levar a pandemia com suas medidas restritivas e nem as consequências econômicas que isso tudo trará. Além disso, o cenário político também está turbulento, com a recente saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça.

Só faça novos investimentos em ações neste momento se souber o que está fazendo, conhecer e confiar na empresa e estiver pensando no longo prazo.

2. Fundos Imobiliários

Por trazerem bons rendimentos e riscos normalmente menores do que as ações, eles foram os queridinhos do ano de 2019. Isso fez com que o valor da cota dos principais fundos imobiliárias subisse rapidamente.

Mesmo com a fama de menos voláteis, o mercado de fundos imobiliários sofreu bastante com os efeitos do coronavírus, principalmente pela questão da quarentena, que fez com que muitos imóveis ficassem fechados. Com isso, algumas empresas apresentaram dificuldades para pagar o aluguel, que é de onde vem o dinheiro dos dividendos.

Mais uma vez, a recomendação é de que você só compre esses ativos agora caso realmente tenha conhecimento sobre o fundo em que você quer investir e esteja pensando no longo prazo. Nos fundos imobiliários, os dividendos mensais são mais importantes do que o valor da cota.

Conclusão

Neste momento de incertezas políticas e econômicas devido ao novo coronavírus, é preciso cautela do investidor.

Mesmo com a taxa de juros mais baixa da história, não é momento de sacar o fundo de emergência para comprar ações e tentar enriquecer no curto prazo, acreditando numa rápida recuperação da Bolsa após a pandemia.

O mercado de renda variável ainda está instável e exige um profundo conhecimento de quem vai investir, pensando sempre no longo prazo e fazendo uma análise fundamentalista das empresas.

Quanto aos mais conservadores, ainda há opções na renda fixa mais rentáveis que a poupança e tão seguras quanto ela, como os CDBs, LCIs, LCAs e títulos do Tesouro Direto.

Matheus Rabello

Graduado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Espírito Santo e atualmente cursando a segunda graduação, em Administração, também na UFES. Atua como redator publicitário e criador de conteúdo freelancer, com foco em SEO.